Ontem me incomodei com tudo isso que está acontecendo. Vi expressões de perda total, vi medo no olhar de um ser humano, que diz que perdeu tudo com as chuvas. Chuvas. Elas estão tão intensas. Até parecem mulheres com tpm. Tenho medo. Medo do fim do mundo. Medo do fim de tudo. Medo do meu fim. Quem está preparado? Não consegui sorrir. Me incomoda saber que não posso ajudar todos. Me dá vontade de ajudar. Sim, tenho vontade de ajudar. Mas minha ajuda é pouco. Meu incomodar ainda é muito pouco. E a cada dia mais chuvas. Estou escrevendo e pela janela vejo as torrenciais. E as pessoas morrendo. E as pessoas perdendo suas casas. E as pessoas deixando de serem pessoas para serem números. Números da miséria, número de mortos, número de desabrigados. Tem como ficar feliz? Me convidaram para ir ao teatro assistir comédia. Como posso assistir comédia? A comédia me fará rir? Não quero rir, quero chorar com eles. Quero ajudar eles. Os números. As pessoas. Me incomoda o Brasil ser tão múltiplo e tão desigual. Me incomoda saber que parece o fim e não somos bons o suficiente para ajudar todos. Me incomoda saber de tudo isso. Será que ser cega resolveria? Eu tenho medo. Tenho medo do fim de tudo. Tenho medo do fim dos poetas. Tenho medo do fim da poesia. Tenho medo do fim de tudo.
10 de mai. de 2009
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2 reações:
É meu bem, mas nem tudo se acabrá com essa chuva. Pode confiar.
Muitas coisas vão se acabar sim, mas nem tudo está perdido.
Não a Poesia! pelo Amor de Deus!
Que eu morra e a poesia fique!
Sabe que vc falando assim da chuva. De água, de medo...
Me lembrou uma música linda, linda do Arnaldo Antunes que Bethânia, minha querida, canta divinamente!!
Segue a música:
Debaixo dágua tudo era mais bonito
mais azul mais colorido
só faltava respirar
Mas tinha que respirar
Debaixo dágua se formando como um feto
sereno confortável amado completo
sem chão sem teto sem contato com o ar
Mas tinha que respirar
Todo dia
Todo dia, todo dia
Todo dia
Todo dia, todo dia
Todo dia
Debaixo dágua por enquanto sem sorriso e sem pranto
sem lamento e sem saber o quanto
esse momento poderia durar
Mas tinha que respirar
Debaixo dágua ficaria para sempre ficaria contente
longe de toda gente para sempre
no fundo do mar
Mas tinha que respirar
Todo dia
Todo dia, todo dia
todo dia
Todo dia, todo dia
Todo dia
Debaixo dágua protegido salvo fora de perigo
aliviado sem perdão e sem pecado
sem fome sem frio sem medo sem vontade de voltar
Mas tinha que respirar
Debaixo dágua tudo era mais bonito
mais azul mais colorido
só faltava respirar
Mas tinha que respirar
Todo dia
Todo dia, todo dia
Todo dia
Todo dia, todo dia
Todo dia
(Arnaldo Antunes)
O único mal para nós, humanos, de baixo d'água é que nos falta ar!
Ahh, se não tivessemos de respirar...
Ops!
Não mandamos os beijos vermelhos!
Pàrdon!
beijos vermelhíssimos!
Mi e Chicão!
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